26 de novembro de 2021

 às vezes sinto que mudei tanto que me sinto estranha em mim mesma. às vezes vem a síndrome de impostor perguntar-me: quem és tu para decidir? quem és tu para te achares capaz de dizer não? quem és tu para recusares o que quer que seja? quem és tu para não colocares os outros em primeiro? quem és tu para te escolheres? quem és tu para te amares? quem és tu para não teres medo? quem é que tu te julgas?
e vem o medo. vem a insegurança. sinto-me atropelada. petrifico. calo-me. e fico a olhar. preciso de tempo para descobrir a resposta. sou a paula. e abraço-me. cuido de mim. respiro. ouço música. abraço-me. amo-me. tenho compaixão de mim. trago luz à sombra, ao medo, à insegurança. permito-me chorar. permito-me derramar-me em palavras, em gritos, na escrita. permito-me ser. 
o amor salva-me todos os dias. a compaixão, o perdão e o amor são os pilares desta minha reconstituição. cada vez que caio. cada vez que duvido. percebo que é uma oportunidade para me amar, para ter compaixão e para me perdoar um pouco mais, um pouco mais fundo. e é duro. dói. mas só assim nasce a paz. 
às vezes olho as fotos e penso no passado e tenho saudades. depois lembro-me que o passado me trouxe aqui. então regresso. habito-me. e simplesmente sou grata por tudo. incluindo este presente. incluindo esta paula que ainda se está a criar, que ainda está a descobrir quem quer brincar de ser a seguir. 

1 comentário:

Dizei de vossa justiça (: