há coisas que não nos dizem. que podemos passar pela vida sem aprender. também se faz luto de coisas que nos magoam. quando tomamos decisões que são boas para nós mesmo que isso nos liberte e seja bom e saibamos reconhecer isso, pode vir uma tristeza, pode aparecer uma crise existencial que pensámos não acontecer nem percebemos chegar.
tomei uma decisão importante. rompi com um padrão que me fazia sofrer. mas aquele padrão é o que conhecia. é o caminho de sempre. sabia-o de cor. as curvas. tudo. fazia-me mal mas tinha a rotina, o conforto de já ter andado por ali. quebrei o padrão. escolhi-me. priorizei-me. fiquei feliz e orgulhosa por mim. mas logo a seguir veio a tristeza. e perguntas que um dia paulo de carvalho já fez: "quem sou? o que faço aqui?"
habitou em mim a sensação de que me tinha perdido, me tinha abandonado e me recusava a ir buscar de volta. é assustador quando nos libertamos da versão de nós que nos salvou por anos de sobrevivência, por lutas, campos de batalha. fomos nós. foi aquela que me fez chegar aqui. como é suposto deixá-la partir assim? como me protejo? estou segura sem ela? como se faz isto de viver? respirar?
como se explica que tomámos a decisão certa mas de alguma forma isso implica assumir que neste presente já não precisamos daquela versão. que podemos despedir dela. abraçá-la. amá-la. e com todo o amor do mundo agradecer-lhe por tudo, por todas as batalhas e explicar-lhe que agora ela pode descansar. eu fico bem.
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Dizei de vossa justiça (: